Uma passagem só de ida, 3 gatos e 3 malas com um resumo de tudo que construí nos últimos 10 anos. Essa era eu quando cheguei aqui em Portugal. O motivo da mudança? Curiosidade e a certeza de que meu marido estaria me esperando no portão de desembarque.
Minha mudança para Portugal foi inesperada, mas ao mesmo tempo muito planejada. Meu marido recebeu uma proposta de emprego aqui e veio antes para avaliar se a mudança valeria a pena… e valeu! Desembarquei no Porto em outubro de 2017, deixando no Brasil alertas e conselhos como “não se envolva com brasileiros, eles vão querer te passar a perna, os portugueses tem uma visão errada sobre as mulheres brasileiras, tome cuidado”. Confesso que muitas dúvidas e anseios vieram junto nessa mudança e estou aprendendo a conviver com eles, mas o coração… esse veio aberto para o novo. E foi ele que me ajudou a descobrir e me apaixonar por essa cidade…
Ruas estreitas repletas de poesia, o rio Douro cortando a cidade como sutis pinceladas, pessoas que valorizam as coisas simples da vida, como jogar uma boa conversa fora sem se preocupar com o tempo. Quais dessas belezas eu enxergaria se trouxesse comigo todos os pré-conceitos do Brasil? Nenhuma! Por isso, esse coração aqui tem 3 conselhos para te ajudar a encarar uma mudança com mais leveza:
- Não importa onde você vá, vá de coração aberto e permita-se sentir a mudança. Seria bom se tudo estivesse sob o nosso controle, mas não está! Coisas boas e ruins podem acontecer e o coração aberto te ajudará a aprender e crescer com essas situações.
- A experiência dos outros pode não ser a mesma que a sua. Cada um tem sua forma de ver o mundo
(ainda bem!)por isso, se uma mudança não foi bem sucedida para alguém não significa que a sua também não será! - Julgue menos, aqui o diferente é você e não é nada fácil entrar em contato com uma cultura ou ambiente diferente se seu olhar está cheio de preconceitos. Permita-se descobrir a beleza desse novo lugar!
Eu sei que aplicar esses conselhos na prática não é tão simples como parece, mas não se preocupe, também é um exercício para mim. Procuro ver os momentos, as descobertas e as trocas, como os meus tesouros nessa jornada. São deles que eu tento lembrar quando parece que tudo deu errado. Acredite em mim, esse pensamento pode (e vai) bater na sua porta quando você menos espera.
A adaptação é um processo diário, por isso, prefiro pensar como a escritora portuguesa Agustina Bessa Luís, autora da frase: “Vivo aqui, mas o Porto não é para mim um lugar; é um sentimento”. Eu não vivo nessa cidade, eu a sinto todos os dias.