30 Coisas sobre Portugal que ninguém te diz [Parte 02]

Depois do sucesso do 30 Coisas sobre Portugal que ninguém te diz [Parte 01], eis que chego com a Parte 02! Queria agradecer aos comentários de todos vocês e às várias situações engraçadas que foram compartilhadas comigo por aqui… vocês são demais. Mas agora, vamos ao que interessa… hora de contar mais algumas verdades!

16. Caixas eletrônicos na rua

Aquele momento em que você vê as pessoas sacando (ou levantando, como se diz por aqui) dinheiro nas maquininhas no meio da rua e você fica perplexa(o), porque aquela realidade não existia até então. Vira e mexe ainda rola de ficar olhando para trás e sempre checando se está tudo bem, porque né… A gente sai do Brasil, mas o Brasil não sai da gente.

17. Vai me enterrar na areia? Não, não, vou atolar

Definitivamente não tem como comparar, né mores. Muitos de nós viemos de um país com um enorme litoral com as águas quentinhas (mesmo as águas que não são do Nordeste são quentinhas se compararmos com as daqui, principalmente se falando do Porto) e definitivamente não é possível encontrar por aqui (norte) águas como lá. MAS, depois de um tempo de adaptação, em um dia bem quente, lá pelas ilhas, acho que você deve conseguir chegar mais ou menos próximo à sensação de sentir prazer ao dar um mergulho no mar – e não sentir que entrou no freezer e que vai perder o pé se ficar mais um minuto. Afinal, a fama das ilhas portuguesas não devem ser à toa. #MeLevaPrasIlhas Nem toda praia aqui tem a areia como a que estamos acostumados a encontrar. É bem fácil encontrar areia com grãos mais grossos ou até mesmo uma que parecem mini pedrinhas e, apesar da sensação e da vivência ser diferente, bate uma saudadinha de areia como a de casa. MAS (2) calma! É possível encontrar praias com a areia bem parecida com as nossas por aqui sim! Ufa!

18. Serviços de garantia funcionam

É realmente esquisito que eu sequer precise dizer isso, mas sim, os serviços de garantia aqui em Portugal realmente garantem que o seu produto vai ser consertado ou que te darão um novo. Digo isso porque passei por esse momento com a minha impressora e com o meu processador (varinha, como eles chamam aqui). Em ambos os casos, eles te dão um prazo para te responderem (o que eles farão com uma mensagem no seu celular) e, se dentro daquele prazo, ninguém vier entrar em contato com você, você tem direito de ir na loja e trocar por um novo – provavelmente no mesmo valor ou pagar pela diferença do produto. No caso da minha impressora, consertaram direitinho e eu a peguei de volta. No caso do meu processador, eles estouraram o prazo e eu ganhei um novo. Chega uma lágrima escorre quando nós vemos um serviço funcionar direito, né? Ah! E foram assistências em empresas diferentes! O que mostra que funciona mesmo!

19. Independente no Supermercado

Os serviços de auto-atendimento nos supermercados de Portugal já são uma realidade. Em quase todos os mercados de médio e grande porte vocês encontram dois tipos de caixa: uns com atendente e outros sem. Você mesmo vai seguindo os passos da maquininha, escaneando os códigos de barra e pronto. Eu sei que existem essas opções em alguns pouquíssimos mercados no Brasil, mas é aqui é comum mesmo de se encontrar. Caso algo dê problema, você pode chamar um funcionário que normalmente está por ali e ele resolve na hora. Normalmente, os mais jovens tem mais “desenvoltura” com essa tecnologia, então as filas tendem a ser mais rápidas. Fico pensando como queria que esse tipo de coisa acontecesse no Brasil sem ter que me preocupar…

20. Cartão “não me toque”


Uma outra tecnologia que aqui aprendia a me adaptar e uso sempre (desde que cheguei em Portugal) é o cartão de débito contacless. Quase todos os estabelecimentos já possuem maquininhas com essa tecnologia (incluindo as máquinas de auto-atendimento do supermercado), em que basta você aproximar o cartão da máquina que já autoriza. O limite para a brincadeira, sem que te peça nenhuma senha, é de até 20€. Passando disso, a senha é exigida. Ainda não sei até que ponto gosto ou acho meio insegura a brincadeira. Mas, por enquanto, nunca tive nenhum problema. Para saber se o seu cartão é contacless, basta ver que ele tem que ter um sinalzinho como esse:

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21. Profissão: Mulher do Tempo

Aqui no Porto é assim mesmo, meu filho e minha filha. Seu melhor amigo vai virar o tal do IPMA (Instituto Português do Mar e da Atmosfera) ou então o aplicativo de tempo que você tem no seu celular. Aqui a gente aprende que olhar o tempo é muito mais do que olhar se está sol ou se vai chover. Existe um negócio mágico aqui chamado vento, que quando junta com a areia da praia, esfolia. Olhem isso. Não façam como essa linda que vos fala aqui que foi para a praia achando que ia estar tudo lindo e aprendeu esse fenômeno natural. Vivemos as quatro estações no mesmo dia (#BeijoSandy&Junior) e, com certeza, basta você botar as roupas na máquina, esperar o tempo dela bater (mesmo naquele programa de 15 minutos) para armar temporal e você não conseguir secá-las. Tempo sacana.

22. Eles sabem muito mais de nós do que nós sabemos dele

Faz esse teste aí: exclui todos os estereótipos e brincadeirinhas sobre portugueses (vibes manel da padoca) e me conta o que você realmente sabe sobre o povo português. O que eles ouvem? O que comem? (- “sexta à noite, no Globo Repórter”) Será que veem os filmes mais dublados ou com legenda? Fui ver só quando cheguei aqui que eles consomem muito a nossa cultura – e cada vez mais com essa onda brazuca que está voltando para descobrir e conquistar Portugal (#Alok). Por exemplo, você sabia que muitos dos portugueses cresceram vendo as nossas versões de dublagem dos filmes da Disney? Sabia que eles assistiram Malhação aqui e que foram tão fãs que depois criaram uma novela chamada Morangos com açúcar que era a Malhação portuguesa? NEM EU, MIGOS, fiquei sabendo quando cheguei. Entre outras coisas, mas vou deixar vocês descobrirem ou compartilharem comigo nos comentários 😉

23. Falar Brasileiro

QUEM NUNCA PASSOU POR ESSE MOMENTO EM QUE UM TUGA VIRA E FALA QUE VOCÊ DIZ TAL COISA EM BRASILEIRO? (sim, tudo em caps) Atire a primeira pedra. Por um lado, fico pensando que realmente a dimensão do nosso país e a quantidade/variedade de “dialetos” regionais (regionalismos) que temos é TANTA que não sei se valeria a pena separar. Mas, por outro lado, existe toda uma coluna linguística que unifica os países de língua portuguesa, né nom, mores. A Netflix me ensinou um dia desses (depois dá um confere por aí, se você tem Netflix) que eu podia ver as séries em “português” ou em “português europeu”. Adorei a definição diferentona, porque normalmente vemos até português (Brasil) e português (Portugal). #Reflexoes

Ainda dentro desse tema, nem preciso mais tocar no ponto das expressões tugas versus zucas, porque, como eu já disse aqui , nem tudo o que parece, realmente é. Existem as “palavras proibidas”, as expressões que são entendidas de um jeito completamente diferente do jeito com que dizemos e por aí vai. Se ficou curiosa(o), dá uma olhada lá no post. Garanto que vai gostar!

24. Beber água da torneira

Sim, mores, a água da torneira do Porto é, em teoria, limpa o suficiente para beber. Se você desconfia do que digo, leia aqui, aqui, aqui ou aqui (tem mais links ainda no google).

Dos 278 concelhos de Portugal Continental analisados, 38 registam uma percentagem de 100% de água segura. Por outro lado, nove concelhos registam qualidade da água abaixo dos 95%. Lisboa e Porto registam qualidade de água acima dos 99%

Acho que a gente pode trabalhar com “acima dos 99%” né Brasil. O problema que muitos brasileiros reclamam, é que em alguns apartamentos essa água não é assim tão boa. Mas o problema não é da distribuição, mores. É do encanamento das casas – que muuuuuuuuitas vezes (muitas mesmo) não tem nenhum tipo de manutenção por parte dos senhorios desde a época de Cabral.

25. É de beber ou de passar no cabelo?

Então, ainda dentro da temática “água”, muuuuuuita gente tem problema com a água do Porto. Como já abordamos nesse post (se você não viu, tá perdendo, tem até playlist de vídeos), a água tem muito calcário, o que deixa o box, louças e vidros com aspecto meio embaçado, com coisinhas brancas mesmo (existem muitos produtos anti-calcário aqui) e aí só fico meio que questionando: se esse calcário faz isso com as coisas, o que será que não faz ao nosso corpo? #Reflexões2

26. Assédio

Já sofri assédio aqui de um jeito que nunca vivi no Brasil. Não sei se posso dizer se tem a ver com o fato de não ter vivido em uma cidade grande quanto São Paulo ou Rio de Janeiro, por exemplo, mas já ouvi nos grupos de Facebook do Porto, relatos de meninas que, vindo destes cantos do Brasil, nunca tinham presenciado o nível de assédio daqui. E existem todos os níveis absurdos de assédio: do que cochicha algo quando está ao teu lado antes de atravessar o semáforo, passando pelos que “mandam as bocas”, buzinam ou fazem questão de mostrar o quão nojentos eles são, até chegar nos completamente assustadores que se masturbam nos becos da cidade. Atenção que não estou falando que não existe assédio no Brasil ou nenhuma coisa do gênero (até porque isso seria totalmente descabido da minha parte), mas nunca vivi como aqui. E o pior é que reparei que eles já esperam que as mulheres não tenham reação. Dentre as semanas em que esse post estava pronto e programado, passei por uma situação em que um grupo de meninos me chamou de “gostosa” e falou outras coisas enquanto eu passava. Eu gritei, mandei tomar naquele lugar e senti que eles se assustaram e não estavam esperando. Caso você se sinta segura para tal e dentro de cada situação, é sempre importante expor o idiota que está fazendo aquilo.

27. Você vai mudar para um país que tem problemas assim como o que você está

Já percebi que muitos dos brasileiros têm pensado em vir para Portugal como se eles fossem chegar no El Dorado. Então, né, senta aqui, more, deixa a tia te contar um segredo: todos os países têm defeitos, mesmo que esse defeito possa ser a perfeição que não enxerga perfeições. O que cabe a você é ponderar se você consegue viver com os defeitos do país, se na sua perspectiva eles são superáveis dada a sua realidade anterior ou se você decidiu que não é para você, vai colocar a viola na sacola e vai voltar para a cultura que você já conhece – ou partir para outra.

Portugal tem sim muitos aspectos positivos (e eu sou uma das pessoas que mais aplaude muitas das coisas, como quem já lê acompanha) e a intenção aqui não é fazer um Brasil X Portugal, mas como Portugal foi o meu primeiro país-casa-fora-do-meu-país-casa, é o meu parâmetro de comparação (comparação no sentido de ser a partir das diferenças que me reconheço como algo). ENFIM, VOCÊS ENTENDERAM. VOLTANDO. Aqui, comecei a perceber que nós cuspimos muito no nosso país e, muitas vezes, passamos uma imagem ao exterior das muitas coisas ruins que temos – sem mostrar que temos lados bons que transcendem as questões de “simpatia, calor humano, futebol, mulher, samba, e comida boa”. Percebi que nós escrevemos muito bem, sim senhor; que somos f*da na parte acadêmica; que, aos trancos e barrancos, lidamos muito melhor com muitas questões de saúde/medicamentos/assistência – até porque temos que nos virar com a precariedade; aos trancos e barrancos e não entrando em questões mais profundas, temos Universidades Públicas de responsa – gratuitos e com direito ao recebimento de bolsa para estudo, em muitos casos; entre tantos outros motivos. Isso porque abordei predominantemente questões do âmbito do estudo, mas o ponto é: até as falhas do nosso sistema geram coisas extremamente positivas em nós que negligenciamos.

28. De graça… nem injeção na testa

Aqui em Portugal, público não é sinônimo de gratuito, como estamos acostumados no Brasil. Os serviços públicos são pagos – seja uma Universidade, como é o caso da UP, ou uma consulta médica. Normalmente, os valores não são abusivos, mas você terá que pagar pela consulta (menos de 5€), para fazer exames ou tirar um raio x. Por isso é tão importante que você tenha o PB4 como segurança para garantir que você pague como português ao aceder aos serviços médicos ou hospitalares portugueses.

Estou preparando um post sobre a minha experiência com o sistema de saúde português #Polemicas (que disponibilizarei o link aqui), mas, por enquanto, o que posso dizer é que aqui (acho que é uma cultura europeia) eles não parecem ter muito o costume da prevenção – isso é mais negligenciado pelos médicos, mesmo que você tenha algum histórico de doença na família e que queira monitorar. Para além disso, já cansei de ouvir tanto de portugueses quanto de brasileiros que a fila de espera para consultas médicas específicas (ginecologia, dermatologia ou outras) está realmente enorme. Claro que cada caso é um caso, mas como aqui no Maracujá Roxo eu desde sempre disse que compartilharia as minhas experiências e de pessoas ao meu redor (portugueses e brasileiros), espero que as respeitem. Só tô dizendo isso pode ter muita gente por aí que gosta de entender as coisas de um jeito negativo e sei lá. Mas acredito nos seguimores do Maracujá e sei que eles entendem o que quis dizer 😉

29. Óleo? Amor, me respeita, aqui é azeite Galo #Rycah

Se um dia já cozinhei com óleo, já não me lembro. Os dias de pobreza ficaram para trás, porque agora vivo na Europa! (vai dizer que tu não tem pelo menos um amigo desses…) Aqui em casa, mores, o azeite para cozinhar só é aceito abaixo dos 3€. Mais do que isso é azeite-TOPZERA-MUITO-VIP-para-saladas-nunca-compro. Mas como boa brasileira educada por pais que viveram tempos de intensa inflação (Atualmente vibe sigam bem caminhoneiros), eu tenho a boa despensa e compro milhares de litros de azeite para me hidratar vibes monange (brinks) ou durar um apocalipse zumbi. Mentira, exagerei, mas para durar até a próxima promoção, pelo menos, sim. Até hoje lembro que a senhoria louca de onde vivi me recriminava pela despensa que fazia. #NinguémMexeComAMinhaDespensa

30. Lisboa ou Porto: só pode amar uma

Decida logo: Porto ou Lisboa. Não é possível gostar do Norte e do Sul, não, mores… Se você começar a apresentar o país pelo Sul, “já começou errado”. Você vai descobrir que a melhor parte de Lisboa é a placa que diz “Porto”, dentre taaaantas outras coisas. Claro que eu sou #TeamPorto, mas da última vez que fui para Lisboa, gostei mais do lugar e das pessoas, em um modo geral. Mas ainda sinto que falta um pouquinho mais de “calor humano” se comparado com os “bárbaros” aqui do Norte. O que você acha sobre isso? Já presenciou algo?

E é isso, mores! UFA, FECHEI 30!

Bom, brincadeiras à parte, essas 30 coisas foram só para descontrair (e também refletir) acerca de momentos que nos deparamos quando tentamos transpor a nossa cultura para a cultura do outro, achando que ela é igual a nossa – ou esperar soluções já esperadas para as situações. Se sentir deslocado nesse processo de adaptação e de choque cultural é realmente engraçado e, sobretudo, um processo de auto-conhecimento, mas é importante entender e respeitar as diferenças – são elas que fazem cada uma das culturas e jeitinhos tão especiais e únicas.

Vocês tem algo para compartilhar que não esteja em nenhuma das listas? O Blog Viver é Vida tem! Viveu algo parecido? Fala para mim, vou amar ler!


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