Como foi o meu primeiro mês em Portugal?

1 mês e meio que embarquei para Portugal com duas malas e uma mochila nas costas. Ainda não deu tempo de processar essa mudança, isso eu já preciso dizer logo, mas a cada dia é uma nova experiência e um novo sentimento que me sinto pronta para dividir com vocês sobre todas essas emoções de uma imigrante novata em terras portuguesas.

Como eu contei no meu primeiro post, eu parei por cinco dias em Lisboa para conhecer um pouco da cidade que tantos amigos me falaram ~ser a minha cara~. E sim, Lisboa é linda, mas nesses poucos dias eu praticamente não conversei com nenhum português. O walking tour que eu fiz foi guiado por um brasileiro, acreditem ou não (e isso não foi ruim tá? Apenas uma curiosidade.). Inclusive, o tour foi super interessante e passamos pelas principais regiões da cidade onde ele explicava as características dos locais, como por exemplo a região do Chiado que é conhecida por seus bares pequenos que vendem vinhos e cervejas por um precinho honesto para galera beber na rua (aqui em Portugal não é ilegal sair na pelas ruas consumindo bebida alcoólica), mas a história mais interessante fica reservada ao imenso terremoto, seguido de incêndios e um tsunami que destruiu 80% de Lisboa em 1 de novembro de 1755. Sério, basta um dia na cidade para ir escutando em vários grupinhos as pessoas conversando sobre esse apocalipse.

Depois desses dias por lá, me perdendo encantada pela região de Alfama (recomendo que todo mundo caminhe sem direção por essa freguesia e deixe Alfama te guiar), eu peguei o comboio com destino a Vila Nova de Gaia para o check in no studio que eu aluguei no Uniplaces. Cheguei e já senti aquele alívio quando entrei no espaço e vi que tudo estava certinho como dizia o anúncio no site. Eu gostei tanto do studio e da região que está localizado que não perdi tempo né mores, liguei pro meu senhorio e já pedi pra estender meu contrato até agosto e garantir mais um tempo tranquila por aqui. Por aqui é comum que os proprietários façam aquele acordo no ~fio do bigode~, principalmente porque eles não querem pagar imposto do arrendamento, mas eu considerava fundamental ter um contrato certinho, pois acabou sendo até necessário para certas burocracias, e também pela segurança, então conversei com meu senhorio e tudo foi resolvido no mesmo dia (amém).

Nas minhas primeiras semanas aqui eu estava preocupada em organizar o Atestado de Residência pela junta da minha freguesia e o NIF, aquele Número de Identificação Fiscal que a Cami já falou aqui. Acreditem quando ela diz que cada um tem uma experiência e reservem um tempo pra essas coisas, vai precisar um pouco de calma sim. Após emitir o Atestado de Residência pela Junta da Freguesia, eu peguei meu passaporte italiano e fui para o Serviço de Finanças solicitar o NIF, mas o documento da Junta que comprova minha moradia não foi aceito em NENHUM Serviço de Finanças. Aí bateu um desespero né? Mas depois de tanto vai e volta que parece não ter fim, consegui resolver o meu Número de Identificação Fiscal graças a uma consultora do Activo Bank, que me encontrou no local para ser minha representante fiscal e abrir meu NIF como não residente. Esse status só vai ser alterado quando eu emitir a Certidão de Cidadão da União Europeia na Câmara de Vila Nova de Gaia. Eu provavelmente já estaria com tudo resolvido a essa altura, mas acabei conseguindo um emprego, o que vem ocupando grande parte dos meus dias. Sim, eu mesma não esperava trabalhar logo, mas rolou e tá sendo uma experiência que merece um post só pra ela, vocês querem?!

E enquanto eu tenho todas essas coisas burocráticas pra resolver, também tenho todo um processo de adaptação para lidar. Ser imigrante não é fácil, eu to sempre brincando com as pessoas aqui dizendo que sofro da “Síndrome do Imigrante”, que consiste no constante medo de estar perdendo chave de casa, dinheiro, passaporte e ticket do metro. Estar em outro país sozinha e sentir o peso da responsabilidade que é a tomada de cada decisão aqui mexe com a gente, E TUDO BEM! Até coisas simples como conhecer novas pessoas e se relacionar acaba sendo diferente. Ninguém vira a chave assim quando realiza uma grande mudança na vida e não é necessário se colocar tanta pressão. Quando decidi começar a escrever aqui no Maracujá Roxo, quis compartilhar mais do que um pouquinho de algumas etapas importantes dessa transição. O lado emocional também precisa ser considerado, e eu sinto que dividir isso com pessoas que estão querendo ou já estão passando por essa situação me dá mais propósito. Saibam que chegar aqui ou em qualquer outro país vai ser uma montanha russa de emoções. Cada dia eu me sinto de um jeito, descubro algo novo na minha personalidade, percebo que sou capaz de lidar com muito mais do que pensava e isso por si só já faz tudo valer a pena. Confiem em vocês.

Conta aqui nos comentários como foi os seus primeiros momentos em outro país!
Quais são as suas expectativas para a chegada?


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