Basta dar uma pequena volta pelo Porto para vê-los espalhados colorindo a cidade. Das lojas de presente até nos mais variados prédios, compondo a paisagem urbana portuguesa. Se você já esteve na Rua Santa Catarina, ou na estação de São Bento, com certeza se deparou com inúmeros turistas tentando conseguir o melhor ângulo possível nos icônicos painéis. Mas você já se perguntou qual é a história dos azulejos em Portugal? Qual a origem dessa tradição?
E ai, migos! Tá tudo beleza? Deixa eu me apresentar rapidinho pra vocês antes de falarmos mais sobre os azulejos em Portugal. Meu nome é Elaine, sou jornalista de formação, curiosa de nascença e uma das novas colaboradoras aqui do Maracujá Roxo (yeeey!). Vou aparecer por aqui para contar algumas curiosidades, então prometo entreter vocês com os meus post interessantíssimos e cheios de informações (aqui tem informação, Rogerinho!). Agora vamos ao que interessa, não é mesmo?
Os azulejos chegaram na terrinha no final do século XV. Se você, assim como eu, pensava que a palavra tinha a ver com as cores azuis presentes nas composições, está equivocado! Na verdade, ela varia da palavra “az-zaleij”, de origem árabe-hispânica, que significa “ser liso”. Faz sentido, né? Apesar de não ter nascido por aqui, o azulejo português desenvolveu sua própria identidade ao longo dos séculos. Ficou curioso? Então corre lá, pega a pipoca que eu vou te contar tudinho!
A história dos azulejos em Portugal
No início, a azulejaria portuguesa era bastante inspirada no estilo árabe, tanto na cor, quanto na simetria das composições criadas. As primeiras peças foram importadas de Sevilha, na Espanha, por volta de 1503. Nessa época, a influência árabe na Península Ibérica era grande devido a expansão da religião islâmica. Posteriormente, é possível notar como as grandes navegações começaram a intervir no estilo das composições. “Como assim, Elaine?”, você me pergunta. Bom, eu te explico, caro leitor. Um ótimo exemplo dessa inspiração é o clássico padrão de cores azul e branco, que todos logo associamos aos azulejos portugueses. Você sabia que eles foram inspirados nas porcelanas chinesas? Os portugueses ficaram fascinados e incorporaram isso por aqui, com uma leitura mais voltada ao catolicismo, sendo o azul referente ao céu e o branco à pureza.
Olha aí a porcelana chinesa. Vai dizer que não é cara de um, focinho do outro?
Ao longo dos séculos
Já durante os séculos XVII e XVIII, foi moda nos países mais ricos da Europa o uso de grandes tapeçarias nos palácios e nas casas mais abastadas. Essas tapeçarias costumavam retratar cenas do cotidiano da época. Como por aqui a matéria prima para o mesmo tipo de ornamentação era beeem cara, foi pensada uma solução que cabia no bolso português: a azulejaria! O material tinha um custo mais baixo do que os necessários para as elaboradas tapeçarias, então os painéis de azulejos se popularizaram ainda mais e estão aí até hoje.
Casa portuguesa – de azulejo – com certeza!
Os mosaicos de azulejos em Portugal podem variar com pinturas distintas: alguns narram conquistas militares, já outros representam figuras religiosas ou, até mesmo, podem representar um momento simples do dia a dia português. Eles eram desenhados à mão pelos artistas! Na década de 1910, o azulejo foi amplamente utilizado como forma de remodelar fachadas de prédios e igrejas, por ser um material de baixo custo. Do Minho ao Algarve, os azulejos portugueses transcendem a função de um mero ornamento de decoração, eles são verdadeiras obras arte arquitetônicas. Convenhamos que esse país não brinca quando o assunto é beleza, né migos?
Onde encontrar esses azulejos lindos?
Ficou afim de conhecer os azulejos mais legais do Porto e, ainda por cima, garantir aquela foto mara? O Maracujá Roxo te indica os lugares mais giros pra visitar. Tudo pela baixa do Porto (como eles chamam a região do centro por aqui), pra não ter desculpa de ser longe. Se você for uma pessoa adepta do walking tour, que nem eu, vai conseguir conhecer todos os lugares a pé mesmo. O mais legal é que são todos próximos de outros pontos turísticos que você também vai querer visitar (vou te dar até as dicas do que ver por perto). Vamos juntar o útil ao agradável, né? Prepara o lookinho com um tênis confortável, a câmera e vamos começar o nosso tour dos azulejos do Porto!
1. Estação de São Bento
Reprodução | Porto.
Se você está chegando no Porto de trem, já aproveita para ver os azulejos da Estação de São Bento. Cobrindo uma área de cerca de 551 metros quadrados, nessas composições você verá uma parte da história do norte de Portugal. Os painéis representam diferentes momentos históricos do país, bem como reproduções culturais. Os 20 mil azulejos (VINTE MIL!!!!!) foram instalados entre 1905 e 1906 pelo artista Jorge Colaço, o maior nome da azulejaria da época. Confesso que a São Bento é um dos meus lugares favoritos daqui da cidade. Os azulejos são no estilo arte nova e possuem cores lindíssimas. Se for de metro, é só descer na estação de São Bento e subir até a estação de comboio.
Fun fact: Jorge Colaço tem azulejos no nosso Brasil-sil-sil! A fachada do estádio do Vasco da Gama, São Januário, no Rio de Janeiro, é de autoria dele.
O que tem perto: Bem do ladinho da estação tem a Igreja dos Congregados, com uma fachada de azulejos. Aproveite o passeio por essa zona para conhecer a Avenida dos Aliados e a Catedral da Sé do Porto.
Onde fica: Praça de Almeida Garrett, s/n.
2. Igreja de Santo Ildefonso
Reprodução | Invicta de Azul e Branco
Saindo da São Bento e subindo a Rua de 31 de Janeiro, bem ali do ladinho, você já vai avistar essa igreja bem na Praça da Batalha. Ela foi construída entre os anos de 1709 e 1739, mas seus azulejos só foram instalados em 1932, também por Jorge Colaço. As imagens celebram o padroeiro da igreja, Santo Ildefonso. Dica do Maracujá: a Igreja de Santo Ildefonso é uma boa alternativa para quem quiser tirar uma foto bacana e sem muita confusão.
O que tem perto: Visite a Praça da Batalha e o Teatro Nacional São João.
Onde fica: Rua de Santo Ildefonso, 11.
3. Capela das Almas
Reprodução | Invicta de Azul e Branco
Aqui você vai encontrar os azulejos mais famosos do Porto! Também conhecida como Capela de Santa Catarina, essa igrejinha fofa fica bem perto da Igreja de Santo Ildefonso (são só 6 min andando). Foi construída no século XVIII, com uma fachada branca e comum. Os azulejos só foram instalados em 1929, com arte de autoria de Eduardo Leite. São quase 16 mil peças que formam imagens de reverência à Santa Catarina e São Francisco de Assis.
Dica do Maracujá: O melhor ângulo para garantir o seu clique por lá é na fachada lateral, que tem um painel azul e enorme. Pede para seu amigo atravessar a rua e te fotografar da outra calçada. Ah! Indo de metro é só descer na estação do Bolhão que você já tá lá em frente.
O que tem perto: Na rua de Santa Catarina se encontram as principais lojas pra fazer suas comprinhas. Inclusive tem dois shoppings por ali: o Via Catarina e o La Vie, uma boa opção para um almoço mais baratinho e rápido. Vale dar uma conferida na Rua Formosa. Lá tem a Manteigaria, melhor stop do pastel de nata; a Confeitaria do Bolhão, com doces clássicos portugueses; e a Pérola do Bolhão, uma mercearia que vende queijos e enchidos, com uma fachada de azulejos muito fofis.
Onde fica: Rua de Santa Catarina, 428.
4. Igreja do Carmo
Reprodução | UPorto
Ainda na baixa do Porto fica a Igreja do Carmo, que foi construída entre 1756 e 1768. Assim como na Capela das Almas, era um santuário com paredes brancas até 1912, quando os paineis de azulejos foram acrescentados. As imagens representam a fundação da Ordem das Carmelitas.
Fun fact: a Igreja do Carmo é uma igreja geminada. Do lado direito é a Igreja do Carmo, com as composições de azulejos; do lado esquerdo é a Igreja das Carmelitas, um segundo santuário.
O que tem perto: A igreja fica bem pertinho da Reitoria da Universidade do Porto e da paragem final do elétrico. Andando mais um pouquinho, você vai chegar na Livraria Lello, parada obrigatória dos Potterheads (lufanos, eu os invoco!) e na Torre dos Clérigos. Além disso, você pode caminhar até o Steak ‘n Shake, um restaurante temático dos anos 50 (daqueles bem americanos) que tem um painel de azulejos L-I-N-D-O e todo moderninho, de autoria da Joana Vasconcelos. Leia mais sobre o Steak ‘n Chake aqui.
Onde fica: Rua do Carmo, s/n
O Maracujá listou os mais famosos daqui do Porto, mas fique sempre atento andando pelas ruas da cidade! Em qualquer esquina você pode encontrar casas ou prédios coloridos por azulejos. Ah! Se você estiver viajando para o sul de Portugal, não deixe de visitar o Museu dos Azulejos, em Lisboa.
“AMEI! Dá comprar o meu próprio azulejo português?”
Sim, migo! É claro que dá! O que não falta aqui pelo Porto é lojinha com os mais variados modelos pra você escolher. Tem imã de geladeira (opção bem baratinha pra presentear a parentada toda), tábua de queijos, pano de prato, toalha de mesa e *tã tã tããã* AZULEJOS! Na Santa Catarina tem várias lojas de presentes baratinhas, mas eu recomendo à Prometeu Artesanatos que fica perto da Igreja de Santo Ildefonso. A loja é uma atração por si só e te garanto que vale a pena passar por lá, nem que seja pra dar só uma olhadinha.
