Eita, até que eu demorei para vir aqui e fazer esse post, né nom? Pois é, mas já tá mais do que na hora de falar com você sobre o mapa que eu desenvolvi durante o meu mestrado: o VEG AND GO! Porto. Quais foram as minhas escolhas, como ele se parece, o que me fez pensar sobre isso e como foi o processo até que ele saísse? Bom, vou deixar todas as informações desse baby por aqui. Me acompanha?
Bom, diretamente do túnel do tempo, lá estava Camila durante o seu primeiro ano de mestrado no Porto, tendo que realizar um projeto e decidiu fazer um mapa para vegetarianos e veganos. Para isso, decidiu que ia entrar no grupo de vegetarianos e veganos de Portugal, do Porto e tudo o que tivesse e enviar uma pergunta sobre os locais que essas pessoas mais frequentavam porque gostaria de fazer um mapa. Claro que eu já conhecia outras plataformas que são mundialmente famosas e etc, mas eu não queria uma mega plataforma, eu queria algo local, adequado ao Porto, ao seu povo e às demandas da cidade. Ah, e que fosse impresso. Tenho uma relação com o mapa impresso, com o livro e com o toque, o sensorial, sabe?
Nunca vou me esquecer de que, enquanto eu estava fazendo essa disciplina e esse projeto fui desencorajada muitas vezes pelas pessoas ao meu redor e até em alguns momentos pelo meu professor. Lembro-me muito bem que já tinha entendido que não importava o que eu fizesse que, se não fosse exatamente do jeito e design que ele apreciava, nunca entraria na linha. “Pois bem, que não entre!” – pensei. E aqui já fica mais uma história para vocês juntarem na pilhinha de coisas que vamos aprendendo e vivendo (e também para perceberem que um mestrado – seja no Brasil ou no exterior – é feito de pessoas, com egos, com referências e escolhas pessoais).
Hoje, me pego pensando o quanto que eu me comparava com os outros processos das outras pessoas e o quanto estou trabalhando em mim encarar que o meu processo é o meu e está tudo bem. Não é para ser comparado. Por vezes, ver amigos que estavam fazendo algo muito mais simples ou que eram extremamente artísticos e esqueciam da componente “usuário” do design ou esqueciam que o design possui um programa que pretende uma funcionalidade eram mais valorizados do que o meu projeto era algo que realmente me desanimava muito. Lá está, novamente essa maldição que é comparar.
O uso das duas cores e as dimensões do mapa foi feito porque eu queria que o mapa fosse feito em risografia ou qualquer processo que permitisse um acabamento fosco (como offset), porque, como se trata de uma imagem toda muito cheia de carimbos e riscos (manualidades), é necessário que haja esse acabamento. Ok, acabada a aula de processos técnicos desta bagacinha. O azul foi escolhido por ser mais comumente conhecida como a cor do Porto e o verde, porque, para além de ser a cor de verdade da cidade, é a cor mais comumente associada a esse público. Espaços comuns de fala são necessários para avanços.
Bom, superando as críticas e acreditando no potencial do meu trabalho, coloquei as mãos na tinta e comecei a fazer os meus carimbos, baseados nos elementos que eu mais achei que se afeiçoavam com o trabalho: brócolis, pera e o coração.
- Brócolis: voltado para os restaurantes 100% vegetais, porque o Brócolo (como chamam aqui) é o legume melhor aceito por todos e também nos lembra das árvores da cidade do Porto, repleta de jardins. Quis mostrar que esses lugares são cheios de vida, assim como as árvores, bem como estão por todos os lados, ao contrário do que se pensa.
- Pera: no Brasil, em muitas frutarias e supermercados, existe a pera chamada pera portuguesa e isso foi algo que me veio a cabeça diretamente quando precisei de uma referência para as lojas de produtos bio e orgânicos.
- Coração: para os lugares veg-friendly, os que possuem opções veganas ou vegetarianas na sua ementa (cardápio), é necessário que haja empatia e uma ação que venha mais do coração do que dos bolsos. E estes locais já estão se atentando para isso. São muitos os locais que possuem opções veggie no menu e eles merecem o destaque por serem tão amorzinho e salvarem as nossas confraternizações familiares com corações!
Quando você abre o mapa, a primeira coisa que você vê são os restaurantes que possuem opções vegetarianas ou 100% vegetais em seu menu, porque, no tipo de ativismo que eu acredito, é necessário normalizar algo que é tipo como estereotipado ainda e principalmente, começar a oferecer para essas pessoas comida normal na versão veganizada dentro desse mesmo ambiente. Quem nunca passou pelo momento constrangedor de ter que comer ovo com salada ou qualquer coisa assim porque não tinha o prato delicioso que o amiguinho estava comendo só que sem bichinhos? Pois é, eu já e sei que muitos de vocês também. E é um trabalho levar os amigos ou familiares até restaurantes vegetarianos ou 100% vegetais, né? Putz…
É aí que o trabalho da Aliança Animal se tornou tão importante para fazer o mapa. Especificamente com a ajuda da Elisa Nair Ferreira, que contribuiu com a produção de conteúdo e ajudando a ajustar algumas questões, uma vez que ela tinha o conhecimento da localidade, a experiência de anos no ativismo e de um grupo específico que eu não tinha. Com o projeto finalizado, fiquei com a sensação de que aquilo deveria mesmo era ultrapassar os muros da Universidade. E foi isso que fiz. Era para o mapa ter saído no ano passado, mas tivemos algumas complicações que inviabilizaram o processo. Novo aprendizado no processo? Tudo acontece no tempo certo.
Neste ano, fizemos a impressão de um número reduzido de exemplares para que funcionasse como teste, mas a receptividade foi enorme. Poucos dias depois da distribuição, os postos de turismo da cidade já estavam entrando em contato conosco e pedindo que fossem reabastecidos, porque já tinham esgotado os estoques. Felicidade define! Sucesso total no processo. Quando eu menos esperava e estava andando pela cidade com um amigo, menos de uma semana depois de ter começado a divulgação e distribuição, eis que recebo uma mensagem da Elisa dizendo que SAÍMOS NO P3 DO PÚBLICO – um dos maiores jornais de Portugal! Imagina o meu infarto/felicidade/falta de palavras, né?
Clica aqui para ver a matéria completa!
Pois é… depois de sair no Público, fui convidada pela Rosa Gavina (insta aqui) para aparecer e falar um pouco sobre o mapa no canal dela no YouTube chamado Rosemary! Por lá ela fala sobre aceitação corporal, viagens e desenvolvimento pessoal. Se você tiver interesse nesses temas, depois dê uma olhada lá! Aqui embaixo eu vou deixar especificamente o vídeo que gravamos sobre o mapa (eu apareço a partir de 10:15):
Com toda essa movimentação, recebi tanto aqui pelo insta do Maracujá Roxo, pelos comentários do blog e também pelo da Aliança Animal algumas pessoas pedindo para que houvesse a disponibilização do mapa em formato digital para download. AMORES, vocês sabem que a voz de vocês é a voz de Deus e que eu me esforço para ajudá-los sempre que possível, certo? Então, o link que está anexado no mapa é este, onde, dentro do site da Aliança Animal (que você pode inclusive descobrir mais sobre esse trabalho maravilhoso que a Elisa, a Maria Aragão – também autora do Omeletas sem Ovos – e os Aliados fazem), pode dar uma olhada na versão “viva” ou seja, do Google Maps e na versão estática que é o mapa em si. Podem imprimir por aí e fazer como bem quiserem. Não vai ser como o original, mas dá para se orientar e ter esse mapinha por aí para chamar de seu!
