Depois de ler este post EU TE GARANTO que seu conceito de zero à esquerda vai mudar para zero à direita, porque esse local escondidinho no centro da cidade é o tipo de local que, através de uma ideia criativa bem implementada, consegue trazer em si a experiência do Porto por problematizar e (atrevo-me a dizer que) até rejeitar o conceito tradicional de hotel para adotar uma postura que respeita e valoriza a cidade.

Dizem que as melhores coisas da vida nos aparecem quando estamos despreparados, levando tudo bem leve e sem olhar muito objetivamente para nada. Passei a confiar e entender mais esta frase nos últimos tempos e a descoberta do Zero Box Lodge foi exatamente assim! Estava eu com o Tiiinho (logo logo conhecerão ele por aqui em forma de palavras) e ele queria tirar umas fotos minhas depois do jantar para um trabalho de fotografia da faculdade. Estávamos sem nenhuma ideia, até que eu falei: olha, porque não usamos para esse exercício essa ideia de neon?

Reprodução: João Tuna | Zero Box Lodge

Bom, fomos andando pelo bequinho ali perto e nos deparamos com um espaço muito muito lindo. Nos convidaram para entrar e, como boas almas felinas curiosas que temos (haha), logo optamos por aceitar. Ao entrar, Lia, Carolina e Fabiana nos receberam extremamente bem e trataram de nos apresentar todo o espaço, bem como o funcionamento de cada parte ou o que se pretendia ali. Quando entramos, já fomos introduzidos ao Lounge, onde as paredes trazem um BookStop e estão repletas de livros de Gonçalo M. Tavares em mais de 30 línguas publicadas em 52 países, juntam-se às cadeiras confortáveis e à lareiras quentinhas.

Reprodução: João Tuna | Zero Box Lodge

Enquanto passamos pela sala, vemos um cubo com uma cama e duas paredes de vidro bem voyeur com um neon que diz: Free Room. Ali é é um espaço permanente para artistas que desejam fazer instalações e performances.

Reprodução: João Tuna | Zero Box Lodge

Reprodução: João Tuna | Zero Box Lodge

Mais ao fundo, vê-se dois neons: um em verde, outro em vermelho onde leem-se BIG BAD BANK e O CARNICEIRO (foto da capa), respectivamente. A área destinada a João Silva, o autor de cocktails especiais como o Reward (8€), Lucky Break (10€) e Go Big or Go Home (11€), antes era um cofre e teve esta temática toda adaptada a isto. Serio, eu garanto que os drinks ali são garantia de sucesso, porque são muito bem feitos e realmente tomar um cocktail daquele sentado naquelas cadeiras é o certificado de Vencer na Vida de que tanto precisamos. Repare nas notas de zero e pergunte se tem como levar este souvenir contigo! Uma curiosidade é que o tapete desta sala remete a X e ainda é toda trabalhada nos ouros e na riqueza dos sangues azuis!

Reprodução: João Tuna | Zero Box Lodge

O novo projeto multifacetado do Porto é um espaço de arte, alojamento, restaurante, clube, terraço e até livraria – no Porto e para o Porto.

Reprodução: João Tuna | Zero Box Lodge

Andando um pouco mais, chegarão ao Carniceiro, que, apesar do nome, não é uma steakhouse e tem algumas opções veggie! Yaay! O chef Hugo Dias de Castro apresenta opções beeem tugas revisitadas pelo toque contemporâneo e, pelo que andei dizendo aí, ele dá o protagonismo do sabor dos seus pratos à grelha. Admiramos a humildade, Hugo, mas temos certeza que uma grelha só não faz essa maravilha de sabores acontecer, hein? Além dos pratos principais, há uma série de petiscos inspirados em diferentes cozinhas como a portuguesa, da América Latina e Ásia.

Pronto, ainda dentro da proposta de comidas, adequado ao descanso fora de hora, no 5º piso do Zero há o City Club, onde é possível ficar desde a hora do café da manhã até 19h ao som de uma jukebox recheada com de discos de artistas e bandas com pronúncia do Norte… DO CARAGO! Ali ainda há uma sala de cinema, um terraço com dois tanques de submersão (já falamos sobre isso e outras surpresas que eles só prometem revelar depois (mas que ouvi dizer que o Maracujá Roxo vai ser chamado para experimentar, né nom, Zero?).

Reprodução: Zero Box Lodge

Retornando à área de recepção, porta ao lado do Lounge, as meninas explicaram (e até consegui filmar lá no insta como que funcionava porque um casal estava acabando de fazer o check-in no hotel) que ao se registrar lá e ir buscar “as chaves”, a pessoa já recebe uma Superbock edição Zero só para descontrair com o cartão do quarto pendurado. Porque eles são desses beeeem basiquinhos… tá bom pra você? Depois desta recepção, eles sobem até o quarto, mas não sem passar por uma escultura misteriosa que só terá o seu significado revelado daqui alguns anos… uuuuh!

Reprodução: João Tuna | Zero Box Lodge

Mas pera, você disse que este Zero Box Lodge é um hotel, não?

Reprodução: João Tuna | Zero Box Lodge

Depois de subirem até a entrada de onde será o seu quarto, mais uma surpresa: não há janelas. Agora faz sentido para você o nome de Zero BOX Lodge? Ahá! A ideia é que os hóspedes possam descansar neste espaço de 14m2 independentemente da hora do dia ou condições externas para poder aproveitar a cidade lá fora, nela mesma ao longo dos dias ou noites. Nas paredes dos quartos, há máscaras de mergulho feitas exclusivamente para que você use os tanques que estão lá fora (vai dizer se não está parecendo algo tentador fazer algo assim agora que o verão se aproxima?).

E há alguns quartos com detalhes especiais caso você tenha tido um dia estressante, como é o caso dos quartos com sacos e luvas de boxe! Quem diria que ali, dentro daquele edifício que sempre se viu cheio de trabalhadores da Camisaria Confiança, estaria um espaço com tamanha personalidade e que evidenciaria a cidade do Porto com uma perspectiva diferenciada nesta cidade gentrificada?

Reprodução: João Tuna | Zero Box Lodge

Com nota de localidade de 9,8 e nota geral 9,2 no Booking (por onde te aconselho a fazer a reserva) ou pelo site deles (clique em book now), uma noite em uma destas box (que só comporta 2 pessoas) custa entre 65€ e 80€. Sim, você paga pela box e esse “detalhe” também é fantástico 🙂

Você já conhece o espaço? O que achou da visita? Eu A-M-E-I e mal posso esperar para voltar por lá!