Se perguntar a um portuense a indicação de uma comida tradicional da cidade, boa e barata, pode ter a certeza absoluta que 9 a cada 10 pessoas vão indicar o espaço localizado ali no número 130 da Praça dos Poveiros com o Jardim de São Lázaro: A Casa Guedes. Mas eis que hoje, no dia 18 de setembro, abre mais um espaço da Casa Guedes no Porto! Vamos saber um pouco mais sobre ele?
Reprodução | Porto Alities (inclusive o post é mara!)
Mas qual de vocês é o Sr. Guedes?
Sabe aquela história de #TodosSomosGuedes? haha É mais ou menos assim que funciona ali na Casa Guedes. Desde 1987, a Casa Guedes é administrada pelos Irmãos Correia (César e Manuel) – sim, para quem já foi lá, são aqueles que sempre estão no caixa e montando as sandes de pernil – que trouxeram da região do Baião, a sua forma única de assar o pernil – além de claro, contar com os doces maravilhosos de suas fortes companheiras, Albertina e Augusta.
Quem hoje vê a fila de turistas amontoados a qualquer hora do dia na Casa Guedes, pode não imaginar que a região da Praça dos Poveiros, assim como vários outros espaços da cidade, sofreu e muito com as várias crises econômicas do país e do local. O mais interessante ao observar as épocas de crise é ver como os estabelecimentos tentam sobreviver a elas. Em meio à crise, os Irmãos Correia se apoiaram na decisão de, para além de trabalharem no expediente, irem vender, às noites de sextas e sábados, ali nos Maus Hábitos, Espaço de Intervenção Artística e Cultural, algumas sandes para a galera que ia curtir a sua balada.
Para quem não sabe, a região da Casa Guedes é repleta de estudantes (das Belas Artes e não só), trabalhadores e os senhores da terceira idade. O que estes públicos têm em comum? Normalmente, falta aquela grana durante e ao fim do mês para pagar as contas e continua-se querendo ter uma boa vida social e indo à noite “aos copos”. E foi nesta vida boêmia e de sandes de pernil que a palavra passou entre os jovens estudantes, foi carregada entre os músicos e trouxe a fama ao espaço através da Time Out e do Festival NOS Primavera Sound.
E o que é que tem de especial nesse lugar?
Amore, você leu o post até agora? Isso já o suficiente para te fazer ir lá conhecer o espaço, caso ainda não tenha ido! Mas, para além do que já dissemos, vamos diretamente ao ponto: esta casa-mãe da Casa Guedes é uma tasca imperdível! O espaço pequenino, com poucas mesas no interior, uma esplanada que dá com as vistas à praça e ao Jardim de São Lázaro, com um pequeno balcão no interior onde os clientes se revezam ao sentar após ouvirem chamar o seu número. É tudo isso que traz a magia da simplicidade portuense que apaixona a tanta gente.
Reprodução| Porto.
O sucesso maior da Casa Guedes é a Sandes de Pernil com Queijo da Serra (da Estrela), que é um queijo cremoso e de sabor bem acentuado. Sim, aqui é A sanduíche mesmo! A gente até explicou aqui sobre esse jeitinho diferente de falar. O pão de bola (como chamado aqui) é ligeiramente torrado (pra você morrer com o croc croc) e depois recheado com grossas fatias e aparas de pernil assado, acrescentado em cima queijo da Serra que, com o calor e com o molho colocado de forma generosa, derrete e mistura-se à carne. Quanto custa isto? 3,90€! Mas já sabemos que um porco normalmente pede uma Stout e por isso eles criaram o menu Stout + Sandes de Pernil com Queijo da Serra por 5,20€. Não pode comer queijo? Então a sua versão fica por 2,90€.
Para quem está afim de outras comidas locais, há Moelinhas (3€), Caldo Verde (1,60€), papas de sarrabulho (1,80€), bolinhos de bacalhau (0,75€) e muito mais! Para terminar bem, há a opção da fatia de queijo com doce caseiro (3,50€) ou a Mousse de Chocolate (2,50€).
E que história é essa de uma Nova Casa Guedes?
Conversando com amigos portuenses, foi comum ouvir a reação “Não acredito! Tenho uma relação muito forte com este tasco. Ia com o meu avô a ele quando era miúdo(a)”. E realmente, se choca até quem não é portuense, mas está aqui há algum tempo, quem dirá quem tem literalmente uma vida a frequentar este espaço e, de repente, descobre que ali, das portas 76 a 80 da Praça dos Poveiros, em meio aos restaurantes de Hambúrgueres, Francesinhas e Cachorros (quentes), há uma nova residência da Casa Guedes.
Com 3 andares, duas esplanadas e cerca de 500m2, o novo espaço da Casa Guedes abriu as portas hoje e vai funcionar todos os dias a partir das 12h. Não entendemos muito como se deu a tramitação entre as duas casas (KD os detetives CSI do Maracujá Roxo?), mas ao que parece, em depoimento prestado pelo Senhor César em vídeo disponível na página do Facebook, o grupo brasileiro entrou enquanto investidores no projeto da Casa Guedes, ampliando o espaço.
Se vendeu ou não vendou, o fato é que Leonardo Bevilacqua, Vinicius Fraga e António Rodrigues, os donos da rede carioca Boteco Belmonte (quem já foi no Rio sabe que tem quase que um em cada esquina e que são super famosos), são os responsáveis pelo investimento e expansão da marca!
Segundo a Time Out,
Apesar dos clássicos continuarem na carta, há novidades, como a sandes de pernil com abacaxi (4,50€), o croquete de pernil com molho de queijo de ovelha (0,75€), a francesinha (8,50€) e alguns pratos para comer de faca e garfo, como a picanha à brasileira (12,50€) ou o arroz de polvo (14,80€). Outra das novidades são os cocktails de autor, desenvolvidos pelo barman do Boteco Belmonte, como o Bloody Mary com infusão de pernil (6€).
E o que vocês acham disso tudo?
Reprodução | Facebook da Casa Guedes
Coma ou não na Casa Guedes, é inquestionável que este é um patrimônio gastronômico do Porto material e imaterial sem igual! Conversando com a Camis, ela chegou a dizer que, quando chegou ao Porto lembra muito bem de ter ido várias vezes com os amigos vê-los comer lá e acompanhava-os na sua cervejinha Stout para logo depois atravessar a rua e ficar horas em duas de letra nos Poveiros. Essa região, que parece lutar para preservar incontestavelmente a memória e o “Porto Raiz”, parece ser invadido aos poucos por um Porto turístico e empreendimentos que nem sempre podem vir a “deturpar” uma cultura estabelecida, mas tentar ser o reflexo dela.
Estamos em um momento em que o Porto está tomado de pessoas de muitas nacionalidades (brasileiros então, nuss) e isso também é refletido no menu e na gestão dos estabelecimentos. Ou será que as pessoas ainda não repararam há quanto tempo que há coxinha nas padarias do Porto? Adaptar e criar outras opções às existentes e tradicionais sem deixá-las de lado não é descaracterizar, é saber evoluir.